quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Viroses amorosas

Querido P.,

A viroseira chegou lá a casa e a ti concretamente. Como és o senhor vomitador-mor lá do sítio, inicialmente não ligámos muito porque, depois de um blargggggghhhhh matinal, passaste quase 2 dias bem. Mas, no dia de anos da tua avó, voltaste à carga e em força (foi para ser um aniversário diferente!) e depois de mais uns blarghhhhs lá fiquei em casa contigo.

Confesso: apesar do motivo, soube-me a mel! Não estavas desidratado, nem muito choroso, querias era ver TV (de mantinha no colo ahahaha, sai à mãe) e receber mimos.
E mimos dei.

E depois aconteceu uma coisa mágica, algo que não acontecia há mesmo muito tempo: na altura da sesta, quando estávamos ainda no "nosso cadeirão" antes de ires para a cama, já de persiana fechada, adormeceste no meu colo. Não querias sair dali e aninhaste-te. E adormeceste... E foi um daqueles momentos tão doces, mas tão doces, que quase derreti fisicamente (o meu coração esse triplicou de tamanho). És o meu pequenino já não tão pequenino, mas dar-te-ei colo sempre que precisares.
Cá estarei meu amor.

P. com 3 anos e 2 meses.

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O Pai Natal já não existe

Meu querido M.,

Tu és o meu filho mais velho. Lindo, alto, divertido, brincalhão, inteligente e cheio de energia. E, até há bem pouco tempo, e como é próprio ainda da tua idade, eras ingénuo.

Mas há 1 ano começaste com dúvidas sobre o Natal...:
- Mãe, é verdade que o Pai Natal não existe?
- Quem disse isso?
- Foi o X lá na escola. Ele acha que não existe.
- E tu, o que achas?
- Que sim! Ainda no outro dia o vimos no centro comercial! E também houve uma vez em que ele deixou o gorro dele em casa da avó.
- Então pronto. Tu acreditas, se o X não acredita isso é lá com ele.

Pois agora, com 7 anos, no outro dia voltaste a perguntar, mas desta vez de outro modo:
- Ó mãe, o Pai Natal não existe, pois não?
(confesso, tremi, pela emoção de estar prestes a ser apanhada na Grande Mentira e por estar prestes a revelar a Grande Verdade e perder de vez a tua inocência meu amorzinho.)
Fiz um sorriso estranho. Apanhei-te, vi-o a pensar, era como eu pensava, o Pai Natal não existe, são os pais!!
- O que achas tu?...
- Ahhhhhhhhhhhhhh são os pais, não são??
- Errrr....São....
- Ahhhh eu sabia!!!

E depois de muitas mais perguntas e respostas sobre o tema (ainda tenho de me informar bem sobre como surgiu a lenda do Pai Natal - só me lembrava que o Pai Natal veio de um anúncio da Coca-Cola, e que há um certo São Nicolau) lá ficou a dúvida esclarecida.

E ele ficou em êxtase. Agora podia pedir o que quisesse e não só aos pais, mas também aos avós, aos primos, aos tios, a quem fosse. Agora tenho insistências de horas a fio sobre o que quer receber. Agora o Natal são os brinquedos e o consumo, não é sobre crianças e a bondade de alguém que é generoso para com todas elas, sobre duendes e seres mágicos.

E fiquei triste.
A magia do Natal, que voltou desde que tu nasceste, de repente, diminuiu. Bastante. Ainda tenho o teu mano mais novo a acreditar sim, mas já não é a mesma coisa. Tu acreditaste mais tempo, vivi mais tempo contigo a inocência do Natal. Sei que o teu irmão se vai aguentar bem menos tempo do que tu.

Sabia que este dia ia chegar, é normal e saudável que assim seja. Estás a crescer.
Mas bolas.. é duro. A realidade desta vez bateu-me em cheio!
Primeiro foi a fada dos dentes, agora é o Pai Natal.

Foi bom enquanto durou!
(buaáááááaááááááá´...)

http://natal.com.pt/lendas-sao-nicolau-pai-natal-papai-noel


quarta-feira, 8 de novembro de 2017

O dia em que o Yon-Yon desapareceu

Já tinha desaparecido mais vezes, mas no máximo um dia, ou uma noite. Nunca 3 dias.
Era o seu amado Yon-Yon, um "dou-dou" com que ele dorme e afaga como O Padrinho afaga o seu gato - calmamente, com tempo, com posse. E sobretudo, neste caso, com muita afeição.

Tem o boneco desde os poucos meses de idade. Foi um dos que lhe comprei quando o via pela câmara do quarto a afagar as próprias mãos enquanto dormitava. A afeição por estes bonecos macios ficou e numa de sou muita esperta claro que fui logo comprar uns 3 iguais ao preferido da altura. Mas no dia em que este apareceu lá em casa... foi amor à primeira vista! É o Yon-Yon pequenino porque tem as orelhas pequeninas, os outros são os grandes porque têm orelhas grandes (são burrinhos, este é um urso).

Ora o Yon-Yon vai para a escola, vai para os nossos passeios, para a cama, para os avós, vai para todo o lado! E eu e o pai sempre com o coração nas mãos para estarmos sempre atentos ao paradeiro do dito. Chego à conclusão que o my precious não são os miúdos, mas sim o bicho, tipo o anel mágico. Sempre que não sabemos dele a reação é NÃOOOOOOOOOOO!

Ora este fim-de-semana ele desapareceu de repente. Chega a hora de dormir e nada de Yon-Yon. Procuramos nos brinquedos, no sofá, por trás das cortinas, na mala, em todos os recantos da casa. Nada. Niente. Népias. Desapareceu!! Lá fizemos o teatro do costume: que tinha ido passear (e ele: "não, não, está cá em casa!"), que amanhã o procurávamos, etc e tal, e ele lá se convenceu que nessa noite dormia com o Yon-Yon grande.

Passou-se um dia e eu caladinha, ai que o Yon-Yon grande é tão giro e quer tanto ir para a escola também etc. Passou esse dia. (ele ainda me disse: não te esqueças de procurar o Yon-Yon mamã)

Passou-se outro dia e eu a pensar: Ah! valente! Nem birras nem nada! És o máximo! Talvez ele já esteja mais crescido e aquilo não lhe faça tanta falta, quiçá vai-se esquecer dele com o tempo...
E ele: mamã, amanhã procuras o Yon-Yon, sim? E eu: sim, sim, eu não me esqueço.

Passou-se ainda mais outro e o rapaz: mamã, não te esqueças de procurar o meu Yon-Yon... amanhã procuras sim? E eu: sim claro, eu vou encontrar (raios partam o bicho, mas onde é que será que ele anda??!! cá de casa não saiu, mas onde está??).

Pois hoje de manhã, num laivo de clarividência, lembro-me de procurar o bicho na pequena lancheira que às vezes levo quando vou sair com os miúdos. E.... ESTAVA LÁ!!!!!! yeahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!! So happy!!! Caneco!! já estava a ver a vida a andar suavemente para trás... E foi ver eu aos saltos de contente quando fui mostrar isso ao pai da criatura, ambos incrédulos! Foi mesmo a tempo. Porque quando fui acordar o rapaz a primeira coisa que ele me disse foi: mamã, amanhã vais procurar o Yon-Yon não vais?
E, que nem herói, lá saco eu o peluche, vitoriosa e inchada que nem um peru!! Já encontrei P.!! Está aqui.

E agora entram as lágrimas...
Mal o viu... ficou tão contente, mas tão contente. Fiquei comovida até às lágrimas. (confesso: chorei mesmo um bocadinho com a reacção dele). Aguentou-se aqueles dias sem choros, sem dramas, sem noites mal dormidas pela insegurança de não ter consigo o seu companheiro de sempre. Mas quando o viu... só dizia: a mamã encontrou! a manhã encontrou!!! e dava abracinhos fortes ao boneco naquele jeito desengonçado e mimocas dos miúdos pequenos. Repetiu o resto do tempo até chegarmos à escola: «a mamã encontrou o Yon-Yon!».

Ai, ai... Yon-Yon por favor não voltes a desaparecer tão cedo que eu não dou para isto.

A todas as mães que perdem os dou-dous... CÓRAGE!!!

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

As Asneiras (Conversas com o M.)

Enquanto estamos os dois na cama, na onda quotidiana dos mimos antes de eu sair do quarto dele:

- Mãe...
- Diz...
- Sabes... há meninos lá na escola que dizem asneiras.
- Ai é? que tipo de asneiras?
- Das feias...
- E tu também dizes?
- Não... Mas sabes, há meninos que dizem uma asneira mesmo muito má.
- Qual?
- Não te posso dizer, é feio...
- Diz sim. À mamã podes dizer o que for. Eu já conheço todas as asneiras do mundo.
- Todas??
- Sim, sim.
- É esta asneira: imagina que eu digo Pata Peta Pita Pota, e depois é Puto no feminino.
(contenho-me para não desatar a rir com o modo de ele contar e se safar ao mesmo tempo ahahahahahaha)
- Ui! Essa é mesmo feia... Nunca digas isso a ninguém, está bem? é mesmo mesmo feia.
- Pois é...