domingo, 13 de abril de 2014

Está-se a aproximar


Está-se a aproximar. O dia em que sairemos desta linda casinha. Desta casinha que me deixa tão boas memórias. Desta casinha pequena, cada vez mais pequena para todos nós. Desta casinha sempre tão quentinha, onde a tudo se chega bastando virar-nos para trás, ou esticando mais o braço, ou dando três passadas. Olho para o corredor já sem quadros e por onde o M. ainda corre para escapar a cócegas, ou para se ir esconder na brincadeira, ou para se ir deitar mesmo quando diz veementemente que não tem sono. Esta casinha onde tudo é perto e que vai deixar de ser o meu lar.

Estou quase de partida para outra casa enorme (aos meus olhos) que ainda vou ter de transformar em lar. A essa casa vou ter de lhe dar mais móveis, mais tapetes, encher de quadros e fotografias, criar memórias. Vou ter de lhe dar e sentir cheiros para finalmente a ter como minha. Tudo acontecerá com o tempo. A vontade aqui é que seja "a" casa e não "a de transição". Nada aqui era definitivo (se é que isso existe). O candeeiro da sala era só até encontrarmos um que gostassemos mesmo, a cortinas idem. Esta casa na verdade nunca foi o "projeto de final de curso", era apenas o "projeto do 1º semestre". Mas esta 2ª será diferente. Aposto muito nela. Apostamos.
A mudança para esta nova casa é feita com entusiasmo e muita esperança. Espero enchê-la de amor e muitas gargalhadas. Quero enchê-la com a nossa família e amigos o mais que puder. E espero que o 2º quarto livre seja preenchido pelo choro e risos de mais um bébé saudável.

Enquanto isso vou olhando para os caixotes que desaparecem no carro do T., vou empacotando mais coisas aqui e ali. Todos os dias há mais uma ou 2 prateleiras livres. Menos brinquedos. Menos roupa. Menos livros. Mais vazio. É como se recuasse uns anos, aqueles em que me mudei para aqui e estava a começar uma vida nova. E muita vida correu nesta casa. Muitas alegrias, desgostos, amor, gargalhadas, choros, raiva, ternura, aflição, paixão, risos, cumplicidade, partilha. E uma vida nova aqui nasceu, o meu querido M. Aqui ele bebeu o seu primeiro biberon, aqui comeu a sua primeira papa, pegou nos primeiros talheres, largou as fraldas, teve a sua primeira cama "a sério", deu os primeiros passos, disse as primeiras palavras. E por tudo isso estou muito agradecida a esta linda casinha. Por aqui ter vivido tantas primeiras vezes. Por isso tudo olho para estas paredes, das quais ainda não saí, já com muita nostalgia. Adoro esta casa. Mas é altura de partir e tentar criar a casa dos meus sonhos.

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