quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Um post malcheiroso

"Quero fazer cócó!"
Olho para ele sem acreditar...
"Agora?" (Nãooooooooo!!!!! que merda... logo agora!)
"Sim..."
(Nãoooooooooo, agora não dá mesmo jeito nenhuummmm, não dá para chegar a casa?)
Estamos na sala de espera da pediatra. Brinca há 1h (ah estas maravilhosas pediatras tão boas tão boas e referenciadas, que depois nos tiram 3h de vida (de espera) do nosso dia) quando de repente faz o brilhante pedido.
A sala está cheia de putos doentes. Uns com febre, outros com tosse, todos com algum vírus escondido pronto a proliferar! Venho sempre com medo que ele saia (ou saiamos) de lá pior do que entramos lol
No WC é um vaivém de miúdos e graúdos. Olho para lá esperançosa e... vazia!! ah que bom! ao menos isso!
O M. tem ar de que algo mau vai acontecer se não o levar à sanita nos próximos segundos. Vôo com ele até lá "com licença, com licença". Raios, mas porque é que estas vontades têm de ser tão súbitas?! Olho para ele. Agarra as calças. "Aguenta M., aguentaaaaaa!" E rapidamente meto as mãos à obra. Dispo-lhe o que há a despir, forro o assento da sanita com papel e sento-o. Demoro 10 segundos a fazer isto.
Tento ultrapassar o meu ligeiro nojo natural por estar com as mãos numa sanita que é "publica" (embora de um consultório privado) e equilibro o M. o melhor que posso.
"Agarra-me mamã!!! não me deixes cair!!" diz enquanto se ajeita na sanita enorme. Para ajudar, a sanita tem um buraco mesmo na parte da frente (é daquelas próprias para pessoas com limitações/deficiências) e o rapaz luta por manter as pernocas abertas apesar das calças descidas as prenderem ligeiramente. Escusado será dizer que todo o forro que tão eficientemente fiz já está no chão. Que se lixe penso. "Despacha-te M.! eu estou a agarrar-te." E o rapaz continua meio indeciso, naquela tentativa de equilíbrio e confiança de que a sua mamã não o vai deixar mesmo cair lá dentro.
 A sonoridade da coisa revela-se de repente, e vejo-me meio ridícula, como se me visse de fora: eu a agarrar o miúdo debaixo dos braços, só lhe vejo a cabeça, faço força para cima para o aguentar, começam-me a doer as costas e...
Meu Deus! que cheiroooooooo!!! lol Que pivete!! Para onde foi aquele cócó de bébé que mal se dava por ele? Agora parece que comeu maçãs pobres e bebeu do esgoto... Arghhhhhhh!! Ai Jesus! Tirem-me deste filme. Começo a ter uma vontade louca de me rir :) Imagino o M. a cair naquela loiça branca e a ficar entalado (não seria a 1ª vez - na casa da minha mãe, uma vez o adaptador da sanita, que era muito pequeno, caiu com ele para dentro da sanita, acho que foi um mini-susto mas sobretudo risota entre avó e neto. Desde então sempre que ele se lembra disto diz-me a rir "foi uma grande trapalhada") Esta sanita é tão grande... Ele desaparecia ali se caísse lol
Devo ter divagado demais e o rapaz, ao sentir-se mais inseguro nas minhas capacidades "segurativas", anuncia "Já está, não quero fazer mais". "M.! não, tens de fazer mais, não fizeste quase nada. Eu não te deixo cair" e ele lá se convence novamente e a coisa desenrola-se.
Batem à porta duas vezes. Oiço do lado de fora "Rodrigo, espera um bocado, está um menino lá dentro." Coitado do miúdo, mais um a quem deu uma vontade incontrolável. Mas há quanto tempo estamos aqui dentro?
Por fim, o final. Papel higiénico e zás... tudo limpo! Exceto as minhas mãos... sim.... adivinharam... Com tanta mexidela acontece... Ai Deus... Arghhhhhh Este maravilhoso mundo da maternidade. Tento equilibrar tudo só com uma mão e finalmente estamos quase prontos.
Batem novamente à porta. Ai que stress! "Estamos quase quase a sair!" grito. Lavagem profunda de mãos (se é que isso existe com crianças de 3 anos) e saída rápida. Espero que o próximo a entrar leve uma mola no nariz...
Dizia eu, saímos. Ele mais leve e aliviado, eu a rir-me e a pensar nas coisas que não sabemos que ainda vamos fazer quando tivermos filhos, e os nojos que teremos de ultrapassar.

1 comentário:

  1. Eh, pá que história escatológica! Realmente uma pessoa não imagina. hehehe!

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