quarta-feira, 7 de agosto de 2013

O trabalho

O meu local de trabalho é um sítio lindo. Muito bonito mesmo. É uma empresa sediada numa bela casa de pedra, rodeada por vegetação, um lago, patos, caminhos de pedra. Um pequeno cenário digno das descrições bucólicas de Eça de Queiroz.
Somos poucos nesse sítio. Poucos mas bons. E embora todos se queixem regularmente das "fracas" condições da casa (um forno no verão, um gelo no inverno, sem ar condicionado, etc) a verdade é que sempre vi o melhor daquilo. De repente saímos da estrada, das casas, dos prédios, e estamos num pequeno paraíso verdejante. Sim as pedras à volta da casa escorregam, mas caramba... O caminho até entrarmos no trabalho é tão bonito, tão fresco, tão verde. Prefiro isso a trabalhar numa central de escritórios onde só vemos betão e vidro, e onde temos obrigatoriamente de ir a um restaurante comer porque não há uma cozinha, ou algo onde aquecer a comida. Quando fazemos uma pausa a meio da manhã não vamos para os corredores de um sítio cinzento e engravatado. Vamos para o sol (ou chuva consoante o tempo) arejar, conversar, rir ou desabafar.
A empresa mudou muito ao longo dos anos. Não sei se está pior. Está diferente. Tem tido a evolução natural que têm as empresas que crescem. E tudo tem prós e contras.
Começou como uma empresa (muito) pequena. Éramos muito poucos, mas o ambiente era fantástico. Muitas conversas engraçadas (umas parvas, outras filosóficas), muito trabalho, muita excitação e muito empenho em projetos que começavam a arrancar. Todos queríamos fazer parte do sucesso que estava a começar. E juntos criamos trabalhos fantásticos. A empresa arrancou em grande.
E com isso veio mais responsabilidade. Novas pessoas. Novos projetos. Novas ideias. Novas personalidades. Personalidades que começaram a chocar. Egos que começaram a emergir. E poderes mal geridos.
E de repente, o ambiente mudou. Começou a competição, o falar pelas costas, as preferências, as intolerâncias, o "salve-se quem puder", as invejas, os comentários sobre a chefia.
Um dia éramos todos os melhores amigos, no outro dia éramos meros colegas que tínhamos de nos suportar.
Neste momento acho que somos todos uma família. Desfuncional. Mas uma família. E uma família que tenta ultrapassar uma grande crise. A ver se nos aguentamos. Porque eu gosto muito do meu trabalho.

1 comentário:

  1. Espero que consigam ultrapassar as dificuldades! E que na adversidade possam sair mais unidos e melhores. Um beijinho

    ResponderEliminar