terça-feira, 11 de junho de 2013

Onde pertencemos?

Milhares de livros moram na minha casa. Desde clássicos (portugueses e estrangeiros, do tipo Os Maias a O Conde de Monte Cristo), a livros de Fantasia, romances (+- de cordel), milhares de thrillers, de aventura, alguns eróticos (eu tinhaaaaaa mesmo de ler um ou outro depois de tanto histerismo - embora toda a gente se tenha esquecido de que existem vários Henry Millers e Marqueses de Sade, entre outros, e falo apenas dos clássicos), algumas biografias, alguns livros de viagens, etc etc. (Ultimamente também já cá cantam livros de auto-ajuda para pais... lol)

Volta e meia passeio pela minha estante principal e revejo as capas e sinopses de alguns livros. Folheio um ou outro que adquiri mas ainda não li, e fico indecisa se agora será a altura ideal para o ler, se será o próximo, o the chosen one. No outro dia folheei um livro recente e pela primeira vez li verdadeiramente a primeira frase da sinopse:

É um mundo de paisagens estranhas e mágicas, ligadas apenas por pontes - pontes que poderão levá-lo para onde realmente pertence, e não para onde deseja ir.

Parei.  Um lugar onde realmente pertencemos, e não o lugar para onde desejamos ir. Onde realmente pertencemos, e não para onde desejamos ir... Nunca tinha pensado no assunto. Pergunto-me:

- não era suposto o lugar para onde queremos ir, ser o lugar onde realmente pertencemos?
- se desejamos ir para lá não é porque sentimos interiormente que é lá o nosso lugar? ou seja: pertencemos a ele.
 -  ou, muitas vezes, quando desejamos ir para certo lugar é para fugir (por algum motivo) ao lugar onde realmente pertencemos?
- ou não queremos fugir a nada, simplesmente as coisas são uma progressão na vida, um caminho, e pertencemos aonde pertencemos agora e aonde desejamos ir, na mesma medida?
- aonde pertencemos afinal? 
- como sabemos que o nosso verdadeiro lugar é de facto onde que achamos que pertencemos?
- como sabemos que o nosso verdadeiro lugar é realmente aquele onde desejamos ir?
- descobrimos isso só no fim da vida ao olhar para trás?
- sabemos isso já porque o sentimos na pele?

Isto ficou a assolar-me a cuca. Ou seja, estou a fazer bem o meu caminho? Sem deixar nada para trás, sem olhar para outras estradas e possibilidades e perguntar-me e se? E como saberei no fim da vida se o caminho que fiz para trás era aquele que deveria ter feito? Por vezes lembro-me daquela fabulosa canção do António Variações http://letras.mus.br/antonio-variacoes/920273/  e acho que ela resume tudo. Por muito que tenha, que faça, que passe, que aconteça, quero sempre mais, nunca estou satisfeita com nada. Adoro a minha profissão, adoro a minha família, adoro viver, adoro o que já vivi. Mas adoro também o que ainda não vivi. E só de pensar que obviamente vou viver umas coisas mais, mas não vou viver outras porque só temos uma vida e as coisas são mesmo assim... Angustia-me. 

Não sou daquelas pessoas que vive o dia a dia e está satisfeita. Ou seja, até estou em certa medida (não me interpretem mal, sou bastante agradecida com as coisas que tenho). Mas quero mais. Quero sentir mais, quero amar mais, quero trabalhar melhor, quero fazer o que faço sem dar contas aos outros, quero não sentir pressões do que for, quero sentir-me livre e presa ao mesmo tempo. Quero tudo e não quero nada. Tenho tudo e quero nada. Será que esta indecisão/indefinição/insatisfação vem do signo? lol Sou balança, o eterno indeciso e insatisfeito. Quero o mundo, mas não sei como abraçá-lo totalmente.
Quero um dia ter a sensação que vivi tudo o que tinha a viver, que tive a coragem de viver de modo honesto e que o sítio onde vivi (e como vivi), que o lugar onde realmente pertencia e onde sempre desejei ir eram a mesma coisa.

1 comentário:

  1. Para mim o lugar a que pertencemos será sempre aquele em que estamos, no presente, e poderá mudar connosco, para onde a vida nos leva...
    Dá que pensar, este tema!

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