terça-feira, 7 de junho de 2011

Momentos


Estou sentada no sofá, com o laptop no colo, e aproveito para escrever antes de me ir deitar. Estou à espera do T. que ficou retido no trabalho. 
Por isso, contrariamente ao que sucede no dia-a-dia, dei banho ao M. e enquanto o secava (ele não gosta dessa parte, também porque já estamos no fim da tarde e está cansado) cantei-lhe uma das minhas canções favoritas, o Dream a Little Dream of Me (da Mama Cass Elliot). Cantei-lhe como costumo fazer, voz mais grave e baixa, suave. O M. ouve-me e fica atento, sossega. Eu que não sei a letra toda de cor lá começo com o Na na na nana naaaaa. Mas ele não é esquisito e gosta na mesma. A casa, o prédio estão em silêncio. Não sei se os vizinhos me ouvem. São 7h30 da tarde e só me oiço a mim, naquela bela melodia. É tão bonita essa canção.
Depois dou-lhe de comer, na sua cadeirinha alta. Lá para o fim começa a choramingar. Vê que a sopa está a acabar e começa o chorinho, meio birra, meio cansaço.
Após o jantar levo-o comigo para o sofá onde o sento ao meu colo, o colinho como lhe digo. Sento-o de costas para mim, ele cruza as pernas (a sua posição favorita) e vemos o mesmo livro de sempre: o livrinho dos animais bébés - cada imagem do animal tem um pelinho que imita o pêlo original, é muito muito giro. Ele vai passando as páginas, mordendo uma aqui e outra ali, toca nas texturas, recebe os meus beijinhos nas bochechas, olha volta e meia para a TV mas o livro consegue ser ainda mais interessante, tenta alcançar o comando mas não insiste muito quando eu o impeço. 
Está cheiroso o meu bébé. Aspiro-lhe o pescocito com o meu nariz deliciado. Inspiro várias vezes e aquilo deve fazer-lhe cócegas porque lhe saiem uns risos. É tão fofinho o meu bébé!
Às 20h45 começo a dirigir-me para a caminha dele, com ele ao colo; abraço-o ternamente. O meu mimocas! Ele gosta, a certa altura já tem a cabecita pousada no meu ombro. Para segundos depois a levantar quando ouve os passos do cão da vizinha de cima. O quarto dele já está às escuras, apenas com a luz de presença ligada (que desligo mal saio). Deito-o, ligo-lhe a boneco com música, ele sorri e agarra-o logo, tenta sentar-se. Eu empurro-o gentilmente para trás, é hora de dormir. Ele vai brincando com o boneco enquanto saio. A certa altura o boneco cala-se e desliga a sua luz. Passados uns minutos é o silêncio total. Já deve estar a dormir.
Vou fazer a minha comida. Aproveito o silêncio enquanto o T. não chega.
Volto ao quarto mais tarde para descobrir o M. deitado de lado, destapado - mas não faz mal porque tem um pijama quentinho e próprio para esta época - aninhado ao canto do berço, com a cara o mais próxima das protecções laterais possível. Gosta de ficar assim, é giro. Tapo-o ligeiramente para não acordar. Não o consigo ver bem à luz do outro quarto iluminado, ao lado. Mas consigo vislumbrar aquelas bochechas mesmo bochechudas, com a boca quase a fazer beicinho de tão concentrado que está a dormir.
Volto à sala, grata por estes raros momentos de silêncio e por poder apreciar o meu menino lindo :)